Por João Kamradt
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NFTs de música são a próxima barreira do entretenimento que o mercado cripto pretende derrubar. Essa modalidade de ativo digital vem aparecendo como a próxima grande tendência da Web3. Até o momento, mais de US$ 5 milhões em músicas tokenizadas foram vendidos nas principais plataformas voltadas para esse tipo de NFT. Artistas melhor remunerados, comunidade mais engajada e que também recebem parte do lucro gerado pelo som. Além disso, mais interação entre as partes são algumas das vantagens que os NFTs podem acrescentar na relação.
Para quem nunca se aprofundou no mercado da música e nem nas formas como os artistas são remunerados, uma matéria do The Guardian jogou luz sobre informações relevantes do quanto o mercado atual está pendendo para os serviços de streamers (Spotify, Apple Music, YouTube, entre outros) e o quanto os NFTs mudam drasticamente essa narrativa.
Segundo matéria publicada em 2021 pelo The Guardian, “o streaming de música no Reino Unido agora traz mais de £ 1 bilhão por ano em receita. Mas o fato é que os artistas podem receber apenas 13% da renda gerada, recebendo de £ 0,002 a £ 0,0038 por streaming no Spotify e cerca de £ 0,0059 na Apple Music”. Agora imagine que você está em uma banda de cinco indivíduos e precisa dividir isso entre eles. As contas da divisão não batem.
Mesmo assim, Spotify e YouTube continuam sendo os que mais pagam seus criadores. O primeiro pagou US$ 7 bilhões aos artistas ao longo de 2021, enquanto o último pagou US$ 15 bilhões. Mas como o relatório State of Crypto, da a16z aponta, isso não esconde a disparidade impressionante entre os ativos comercializados na Web2 e aqueles vendidos na Web3. Em 2021, as plataformas da Web3 pagaram, em média, US$ 174 mil por criador, enquanto a Meta (do Facebook pagou cerca de US$ 0,10 por usuário, o Spotify pagou US$ 636 por artista e o YouTube pagou US$ 2,47 por canal. Ou seja, mesmo ainda sendo um mercado em estágio inicial, a Web3 aumentou de forma consistente a remuneração dos artistas.
Mas não é apenas a má remuneração dos streamings aos artistas que irá permitir o crescimento dos NFTs de música. Há inúmeras razões para o crescimento do mercado. Numa recente thread, @DegenDaVinci apontou outras razões para que o mercado de músicas NFT exploda nos próximos meses/anos. São elas:
1) O modelo atual de streaming está quebrado, não proporcionando ao artista uma remuneração adequada;
2) A propriedade de NFTs cria super fãs, que valorizam mais e mais o artista;
3) Ter propriedade sobre ativos como uma música gera um impacto emocional no investidor, que busca criar formas de valorizar seu ativo;
4) atualmente as músicas ainda estão subvalorizadas;
5) consolida uma vitória do modelo freemium, como já havia ocorrido em outras áreas do entretenimento;
6) pode servir como um utilitário para o holder ir a shows e eventos do artista, criando assim em uma experiência ao vivo com o músico;
7) possibilita a divisão da receita entre música e investidor/fã;
8) torna possível o surgimento de DAOs voltadas para o cenário musical, que poderiam acumular acervos digitais e gerar valor contínuo para seus apoiadores;
9) reforça a tese de ciclo virtuoso que a Web3 vem entregando desde o início e
10) gera um relacionamento mais próximo entre o artista e seu fã.
Mas como o consumidor pode lucrar com a tokenização da música?
Artistas não são os únicos que podem ser remunerados neste novo cenário. Os consumidores são parte ativa e também terão sua fatia do bolo. Diante desse novo mercado, há dois modelos de tokenização das músicas: o NFT único e o NFT em série. Como está implícito, no primeiro tipo é feito um único mint do NFT. Já no NFT em série é possível criar um número fixo de NFTs por música, com a quantidade sendo determinada pelos artistas. Além disso, a dois tipos de modelos que podem agregar (ou não) valor ao NFT: 1) NFTs sem royalties, no qual o indivíduo detentor da música ganha unicamente na valorização do ativo digital; e 2) NFTs com royalties, que acabam concedendo ao proprietário um percentual de royalties associados à música por um determinado período específico.
Decidido o modelo de NFT, se escolhe a plataforma de mintagens de NFTs de músicas, que também servem como marketplaces especializados e curadorias desse mercado. Isso significa que os artistas precisam ser aceitos pela plataforma primeiro, para somente depois poderem oferecer seus produtos lá.
Os critérios para serem aceitos não são totalmente definidos e claros, mas normalmente são aceitos artistas que possuem um perfil mais ativo no ambiente da Web3. Após ser aceito, o artista pode cunhar a música como um NFT, definir a quantidade de NFTs para distribuição, o preço e a forma da cobrança. As principais plataformas são:
Audius: Plataforma de streaming descentralizada que permite que os artistas distribuam suas músicas e sejam pagos diretamente por seus fãs.
Catalog: A Catalog cunha músicas de 1 para 1. Isso significa que só existe uma cópia existente dessa música NFT. Até por isso, o preço mínimo costuma ser maior, estando na casa de 1 ETH. A Catalog vem sendo usada para artistas que desejam tokenizar músicas já existentes ou para que eles ofereçam uma versão bem limitada para um superfã.
Royal: Na Royal, por sua vez, as músicas são lançadas em grandes quantidades, em edições entre 500 a 1 mil NFTs da mesma música. Desse modo, o preço inicial costuma ficar em US$ 50. Os NFTs de música distribuídos pela Royal costumam ser chamados de ativos digitais limitados e possuem, em seu smart contract, percentuais de propriedade para cada um dos seus donos. Ou seja, ao deter um NFT de música deste tipo, você teria direito a uma parte dos lucros gerados por aquela canção. O Royal vem sendo usado por artistas que estão buscando oferecer a propriedade master de um registro já lançado para fãs e colecionadores. A Royal levantou uma rodada inicial de US$ 16 milhões liderada pelo Founders Fund and Paradigm e outra rodada de US$ 55 milhões capitaneada pela a16z, de Andreessen e Horowitz.
Sound: Com a Sound, as músicas são lançadas como edições. Essas edições costumam ser de 25 a 30 cópias no total. O valor unitário costuma ser de 0,1 ETH. A Sound vem sendo usada por artistas que querem oferecer um maior número de cópias de um mesmo NFT aos seus fãs.
No momento, a maior parte das músicas NFTs são versões tokenizadas de canções já lançadas anteriormente. Como exemplo, podemos citar a música “So You Fell in Love”, da Felly. A canção já foi reproduzida 2,5 milhões de vezes no Spotify e agora está sendo comercializada por 2 ETH na Catalog. Mesmo assim, vem ganhando força projetos nativos da Web 3. Entre os principais, estão:
Angelbaby: avatar que vem se apresentando em diversos eventos da Web3 e se coloca como o primeiro “metastar” do mundo.
Bored Brothers: projeto que envolve Kygo e Ryan Tedder e que usará os avatares do Bored Ape Yatch Club. No mês passado, eles lançaram “Drip”.
RŌHKI: artista anônimo da Web3 que acabou de lançar seu projeto.
O crescimento do mercado
Os NFTs são uma oportunidade para garantir que os músicos sejam recompensados de forma mais justa por seus esforços. Eles permitem que os artistas gerem mais receita e mais controle sobre suas músicas. Além de também apontar para uma mudança na relação entre artista e fã, que passa a se tornar muito mais colaborativa daqui para frente.
E o mercado vem percebendo isso. Um gráfico da venda de músicas NFT chamado Top of the Blocks, publicado semanalmente desde março de 2021, oferece pistas sobre o que funcionou até agora. O gráfico é baseado no volume de vendas, e os valores necessários para entrar no top 10 subiram no ano passado, do equivalente a US$ 200 ou US$ 300 para US$ 2 mil ou US$ 3 mil. Embora a música eletrônica tenha dominado o gráfico nos primeiros dias, os NFTs de sucesso atualmente vão do hip-hop ao rock e ao clássico.
Como se vê, os ativos digitais de música funcionam de forma semelhante ao stream da Bandcamp, no qual usuários podiam financiar um artista de forma direta, mas qualquer pessoa podia ouvir a música produzida. A diferença aqui é a blockchain: se um proprietário de NFT decidir vender sua NFT, o artista original também poderá receber uma parte das revendas, através de taxas de transação previamente programadas no smart contract.
Um exemplo de como até mesmo artistas consolidados estão entrando no mercado está na venda ocorrida no dia 17 de maio, quando a banda The Chainsmokers esgotou a mintagem dos NFTs da música “So Far So Good”, que ocorreu no Royal.io. O álbum em questão consistia em cinco mil NFTs que oferecem 0,0002% de propriedade de royalties por token, além de acesso exclusivo ao canal do Discord da banda.
Artistas conhecidos como Snoop Dogg, Nas e Diplo, bem como músicos em ascensão como Daniel Allan, LATASHÁ e Haleek Maul já lançaram suas NFTs de música. NFTs de música pode ser singles, EPs ou álbuns tokenizados. Da mesma forma que compramos um vinil físico, os NFTs de música são uma versão digital que representa uma quantidade fixa de um trabalho criativo, prensado em blockchains de redes como Ethereum e Solana. Com NFTs de música, há uma quantidade limitada de cópias disponíveis para compra e um mercado global determina seu valor.
Oportunidades que podem surgir com as músicas NFT
O surgimento de plataformas de distribuição de músicas NFTs é só o primeiro passo de uma série de serviços que podem e devem surgir nos próximos meses/anos. Muitos deles irão impulsionar novas formas de negócios e comércios. Abaixo estão apenas algumas das possibilidades:
- Fracionamento de playlists e de NFTs de músicas de artistas;
- Infraestrutura de royalties em streamings da Web3;
- Infraestrutura de royalties de streaming para proprietários de playlists;
- NFTs que servem como trilha sonora de jogos, filmes ou metaversos;
- Plataformas de aluguel de música NFT.
Isso pode tornar os NFTs de música ainda mais popular e mainstream, trazendo pessoas que hoje não estão no mundo cripto.
Os ciclo dos NFTs de Música
Atualmente, os NFTs de música são notoriamente de música eletrônica, mas isso está mudando aos poucos. De toda forma, já é possível assistir um ciclo do NFT de música, que vem se desenvolvendo da seguinte forma:
1) Os fãs apoiam seus artistas favoritos diretamente;
2) A comunidade em torno do artista, a utilidade e a propriedade do NFT proporcionam a criação de super fãs, o que por sua vez também ajuda os artistas a crescerem;
3) Conforme o artista for crescendo, o valor dos NFTs passam a aumentar. Além do preço, a procura por NFTs de novos artistas também cresce;
4) Por consequência, isso irá criar mais fãs, o que irá gerar mais recursos e a música de artistas passa a ser melhor distribuída;
5) Após esses passos, o processo recomeça.
A Projog acredita que o mercado de NFT de música é um dos próximos segmentos com alto potencial de valorização. Por isso, vem acompanhando com frequência o desenvolvimento das mais diferentes aplicações que possam auxiliar na integração entre fãs e artistas. Se você quer saber mais sobre esse assunto, continue prestando atenção nos nossos informes!
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O futuro descentralizado chegou. Somos uma empresa de Venture Capital e Research brasileira focada em teses nativas de Web3. Estamos de olho em como a tecnologia blockchain reimagina maneiras pelas quais o “capital” pode ser transmitido e o “valor” cultivado. Na Viden, acreditamos que os criptoativos representam uma mudança de paradigma na relação como humanos e dispositivos se organizam, colaboram e consomem. Nossa crença no futuro descentralizado nos torna mais que investidores, mas parceiros na construção das empresas que integram nosso portfólio.
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